• Luas e Marés
  • Posts
  • 20.000 Histórias Submarinas - Areia e Pólvora #16+1

20.000 Histórias Submarinas - Areia e Pólvora #16+1

Eis que, finalmente, os capítulos de Areia e Pólvora voltam à vida!

Eu precisar fazer uma pausa na newsletter porque precisava me dedicar a outros trabalhos mais urgentes, então na reorganização de prioridades nossa história de piratas acabou ficando em segundo plano. Não tinha energia suficiente pra trabalhar nela, e não queria mandar algo ruim.

A partir de agora espero conseguir retomar alguma normalidade nos envios, veremos!

Por enquanto, fiquem com mais um capítulo dessa aventura!

 Atenção, não esqueça de vestir seu colete salva-digitação!

Nos capítulos anteriores...

 Já membro oficial da tripulação do Balaena, Anabela segue trabalhando para produzir os explosivos que prometeu a Delfim. Reparando no comportamento suspeito de Hermes, o capitão, a cientista e Ladrão o seguem por Porto Baleeiro. Depois de fazer algum tipo de negociação com um contrabandista, o imediato segue para a estação de rádio pirata e tenta fazer uma transmissão para Nero. As quatro pessoas da estação se recusam, e o mandam levar a mensagem pessoalmente — Nero está na ilha.

16+1 - Propostas sem nome

Todo tipo de pensamento cruzou a mente de Delfim. Tomar decisões rápidas era um requisito do cargo, e como capitão sabia bem quais eram as prioridades. O turbilhão de possibilidades e escolhas veio e logo passou, tudo puxado pro fundo. O toque de Anabela em seu braço era uma âncora, o prendendo em volta de uma única certeza — precisava mantê-la longe de Nero. Se algum dia tinha achado que seria capaz de usá-la, a ideia obviamente só podia ter sido efeito de drogas.

Se lembrou de Porto Aveiro, quando já não tinha conseguido deixar uma cientista teimosa e desconhecida pra trás. Muitas léguas navegadas depois, em Porto Baleeiro no mesmo instante que seu amigo mais antigo o traía, descobriu ser ainda menos capaz — entre calmarias e negociações, Anabela tinha se tornado sua cientista teimosa.

A conclusão atravessou o coração e se alojou em algum canto, esperando o momento para ser examinada mais tarde e ser colocada num desenho que pudesse lhe mostrar em detalhes o quão perdido estava.

— Na enseada escondida? — Veio a voz de Hermes.

Não ouviram uma resposta clara, e Delfim nem quis tentar. Pegou a mão de Anabela e a puxou na direção da mata. Parte de si ficou maravilhado que ela simplesmente foi, sem questionar ou temer. A outra parte fez questão de lhe informar que o melhor para ela seria não ir a lugar nenhum com ele, devia colocá-la no primeiro navio sorrense que passasse e mandá-la para a segurança de Castro Argo, um irmão provavelmente melhor do que ele era para Loani.

Ela o puxou de volta quando a estação sumiu de vista, fazendo com que parassem. Ladrão ficou mais para trás, as orelhas levantadas na direção de onde tinham vindo.

— Pra onde vamos?

— De volta para o navio.

— Mas e Hermes?

— Dane-se o maldito, o Balaena não tem lugar para traidores.

— Não! Não podemos deixar ele ir! Hermes sabe dos nossos planos, ele… — Anabela baixou a voz, olhando ao redor. — Ele sabe dos explosivos, se contar a Nero vamos perder o elemento surpresa. Temos que impedir que eles se encontrem! Descobrir o que exatamente ele anda negociando também era uma boa, nós poderíamos segui-lo até essa enseada e-

— Anabela, não.

Ainda segurava a mão dela, e apertou.

— Não. Eu não vou arriscar você chegar perto de Nero. O Estrela Sangrenta é uma monstruosidade, tem uma tripulação disciplinada de pessoas que não têm nada a perder e tudo pra ganhar. É perigoso demais.

— E você acha que eu não sei disso em primeira mão?

A tensão no rosto de quando falava dos irmãos voltou, os lábios tremeram por um instante antes da expressão dela se firmar de novo. Ajustou os óculos no rosto e inspirou fundo.

— Eu não sou sua prisioneira, e nem sua donzela em apuros pra resgatar e proteger. Fiz um acordo com você de enfrentarmos Nero juntos, então é isso que vamos fazer. Também não quero um confronto direto agora, mas pra vencermos ele não pode de jeito algum saber dos nossos planos.

Devia ter sido óbvio que a maluca não ia facilitar, ia ser aquela pessoa incrível que tinha se enredado em volta do coração dele, batendo forte que nem o maldito do caranguejo lutador. O acordo tinha gosto e cheiro e a sensação de cabelos macios nos dedos e Delfim revivia o momento sem parar toda vez que fechava os olhos, não fosse o medo do momento talvez selasse outro acordo ali mesmo e não pararia num beijo só.

Seu pai sempre dissera, com um sorriso misterioso no rosto, que alguns tesouros não podiam ser roubados porque era o tesouro que roubava o homem. Na arrogância da juventude, ele respondera diversas vezes que não havia nada no mundo capaz de captura-lo. A vida aparentemente tinha escolhido o pior momento possível para provar que estivera errado.

Ele se forçou a sorrir de lado, porque de cachorro carente já bastava Ladrão.

— Sua preocupação me toca, mas a sua consultoria científica depende diretamente de estar viva e em posse das suas faculdades mentais, então vamos fazer o seguinte. Eu vou atrás de Hermes, você volta pro navio com Ladrão.

— Nem pensar, não vou te deixar sozinho.

Não que ele não gostava de ouvir aquilo, mas era uma mentira. A longo prazo, quando sangue e ambição falassem mais alto e a chamassem de volta ao sul, só podia ser. A consciência da verdade, porém, não foi suficiente para impedir seu corpo estúpido de se aquecer com a ideia.

— Alguém precisa voltar ao Balaena e avisar, pra caso alguma coisa aconteça — ele respondeu, tão firme quanto conseguiu. — Tem que ser você, porque nem pensar você vai sozinha na direção de Nero.

— Mas-

Nesse momento, Ladrão começou a rosnar. Os pelos se eriçaram e as orelhas abaixaram enquanto ele foi recuando devagar, até estar colado nas pernas deles. Foram alguns instantes até ouvirem os passos, tão suaves que poderia ser um bicho na mata.

A mulher tatuada dos Quatro Sem Nome chegou devagar, o rosto sem expressão e o olhar focado no ponto onde os dois seguravam as mãos.

— O moleque tá certo — ela disse, a voz sem delatar emoções. — Se forem se dividir, você deve voltar ao navio e ficar em segurança... Vossa Graça.

Anabela recuou um passo.

— Não sou Vossa Graça.

— Não é o tratamento adequado para a Duquesa de Cedro?

— Eu não sou a duquesa — ela falou entredentes.

— Não é agora, mas vai ser no futuro. O que será, é. Assim funciona o tempo.

Anabela engoliu em seco, franziu a testa e ajeitou os óculos. Delfim não gostou do que viu. A essa altura conhecia boa parte de suas expressões faciais — estavam todas desenhadas — e aquele tique nervoso lhe disse algo bastante desagradável: a mulher sem nome tinha dito a verdade. Sempre soubera da família dela, só nunca imaginara qual exatamente era seu papel nas burocracias da nobreza sorrense.

— Duquesa? — Delfim sussurrou.

— É uma longa história, e nem é um fato confirmado — ela sussurrou de volta.

— Se as informações que eu recebi são verdadeiras, e eu confio que são, é um fato — a mulher falou e se aproximou mais. — Mas não é a sua posição na sociedade sorrense que me interessa. Tem outra janela no seu futuro que me importa mais. A Academia.

— Eu não sou membro. Vai me dizer que eu vou ser isso também?

— Vou dizer que você vai tentar, e pelo que li dos seus trabalhos tem grandes chances de conseguir.

— Você leu meus trabalhos?

— O moleque não te contou? Nós trabalhamos com informações. Eu sei tudo o que posso saber sobre você, e de tudo isso o que me interessa é que Vossa Graça está em posição única de transmitir uma mensagem em segredo.

Anabela soltou uma risada sem humor, os olhos arregalados.

— Você tem uma estação de rádio pirata com tecnologia de ponta!

— Não posso deixar rastros. Se você levar a mensagem para mim, o único rastro será você e a pessoa que receber, então saberei a quem culpar se a informação vazar.

— O que você quer? — Delfim perguntou, resistindo ao impulso de ficar entre Anabela e a Sem Nome.

— Eu quero levar Vossa Graça em segurança até o navio, e em troca ela entregará uma mensagem em Sorra para mim.

— Para de me chamar assim! E isso não parece um acordo equivalente — Anabela falou antes que ele pudesse responder. — Levo a sua mensagem, se nos ajudar de verdade contra Nero.

— Não escolhemos lados.

— Levo a sua mensagem, se nos ajudar a capturar Hermes antes que ele encontre com Nero.

Por já ter estado várias vezes do outro lado das negociações agressivas de Anabela, Delfim quase sentiu pena da mulher. Quase. Aquele novo acordo era mais um sopro de vento nas velas que a levariam embora, como se não tivesse sempre sabido que ela partiria. Sorra tinha todos os sonhos e promessas para ela, e pelo jeito um título pomposo também.

O tesouro não roubava o homem, no final das contas. O saqueava, picava e dava de comer pras baleias noturnas.

A vida os colocara no mesmo navio, não devia se iludir achando que teriam o mesmo porto. Duquesa de Cedro. Um capitão pirata sem o menor gosto para monarquia. Nunca daria certo, então era melhor se contentar com o errado — se ela ficasse segura, seria o suficiente.

— Não precisa fazer nada contra Nero, só leva ela de volta pro navio em segurança — disse.

— Delfim!

— Ladrão vai junto com você pra… caso aconteça alguma coisa. — Ele encarou a Sem Nome, foi encarado de volta. Não confiava nela, mas os Quatro tinham se mantido imparciais em todas as disputas da região, leais apenas aos próprios negócios.

— Mas eu não vou deixar você ir sozinho!

Com um suspiro, ele soltou a mão dela.

— Você está navegando com a minha tripulação. Vai seguir as minhas ordens, e quando estiver a bordo na minha ausência vai seguir as de Dudalina.

— Dudalina vai arrancar seu couro por estar se metendo em confusão sozinho.

— Dudalina vai concordar comigo.

— Mas-

— Como você acha que eu fazia as coisas antes de conhecer você, garota? Eu sei me virar sozinho.

Anabela puxou o ar, parando por um instante antes de falar.

— Antes de me conhecer você estava envenenado com o pé na cova sem nem saber disso, e quase sem esperança de derrotar nosso inimigo.

O ‘nosso’ doeu mais que verdade. Delfim não respondeu, se embrenhou pela mata de volta na direção da estação antes que concordasse com ela. Anabela não precisava que lhe dissessem quando estava certa.

*

Não foi difícil pegar o rastro de Hermes mesmo sem Ladrão. O idiota andava fazendo barulho e sem se preocupar se era seguido ou não. Mantendo distância, o seguiu pela trilha que levava ao outro lado da ilha, onde a encosta era escarpada e provia bons esconderijos para navios grandes.

A presença de Nero ali era uma incógnita, ele raramente ia aos portos da região e na única vez que pisara publicamente em Porto Baleeiro tinha deixado claro seu desprezo pelo lugar. Quando queria fazer negócios mandava emissários, quando queria atacar o fazia sem rodeios.

Teria que capturar Hermes, e fazê-lo falar o que tinha combinado com Nero, e o que o contrabandista das pérolas tinha a ver com tudo.

A traição por si só não incomodava tanto, talvez o conhecesse bem demais ou talvez toda a desconfiança dos últimos dias o tivesse preparado para aceitar a verdade. Era a traição à sua irmã que tornava a situação um poço de ouriço. Não fazia ideia do que Nero poderia ter prometido que o fizesse entregar Loani, e não fazia diferença — se Hermes a amasse de verdade não teria sido capaz de vendê-la, e isso bastava para acabar com a vida do infeliz quando pusesse as mãos nele.

As árvores deram lugar às rochas cobertas por vegetação rasteira e ninhos altos feitos de palha e algas. Delfim parou atrás de uma pedra, tentando escolher o melhor caminho. Os papagaios-do-mar reclamavam à medida que o imediato andava entre eles, quanto mais avançava pela colônia mais as aves grasnavam — se continuasse por ali causariam um alvoroço, qualquer navio parado embaixo do declive saberia que alguém estava se aproximando.

Não tinha muito jeito. Correu por entre os ninhos.

Sob a sinfonia dos papagaios indignados com os dois humanos, viu Hermes se virar na direção dele, logo antes de Delfim ter a satisfação de lhe dar um soco. Um bom teste para o braço em recuperação, que reverberou com o impacto de seus dedos no nariz do maldito.

— Delfim!

Hermes cambaleou para trás levando a mão ao rosto. Não lhe deu tempo de reagir, socou de novo e chutou, até que ele estivesse encurralado contra um ninho. Os papagaios dentro dele gritaram com a invasão e voaram para um ataque de bicadas, sem escolher lados.

— Você tá louco?!

Sendo obrigado a desviar dos bicos, Delfim não conseguiu manter Hermes no lugar. O imediato o chutou e saiu correndo.

Pulo sobre o filho dum ouriço quando lhe deu as costas, e os dois rolaram sobre as rochas escorregadias por causa das cacas acumuladas das aves. O fedor era enorme, sua vontade de trucidar o homem maior ainda. Caiu por cima dele, e continuou socando.

— Então, seu desgraçado? O que foi que Nero te prometeu pra ser um traidor?

A resposta de Hermes foi agarrar o montinho de caca mais próximo e jogar em seu rosto.

— Sem Ladrão você não é nada numa luta!

Delfim protegeu os olhos, sentindo a substância pegajosa escorrer pelo cabelo e pela barba. Por um segundo pensou em Anabela explicando que provavelmente aquilo tinha grandes propriedades importantes pra alguma coisa impressionante, no outro foi jogado de volta ao momento com um golpe na bochecha.

— Você vem me chamar de TRAIDOR? Depois de colocar a dondoca sorrense na nossa praça d’armas?!

— A doutora Argo… já fez mais pelo navio… do que o imediato VICIADO!

O grito foi engolido pelo grasnar dos papagaios, vibrou apenas no espaço curto entre os punhos. Então os dois pararam, ofegantes. Gostaria de ter confrontado o assunto num momento mais digno, mas talvez devessem mesmo discutir aquilo na merda.

Puxou o imediato pelo colarinho da camisa e sacudiu.

— Foi isso?! Vendeu Loani pra poder pagar pelas pérolas?!

O rosto de Hermes, que deveria ser tão familiar, lhe pareceu o de um estranho. Pálido demais, as pupilas pequenas, narinas dilatadas, cabelo desgrenhado sujo de cocô, sangue escorrendo do nariz e da boca. Sacudiu um pouco mais, como se pudesse fazer a expressão familiar do amigo de infância escorregar de novo pro lugar junto de bom senso e uma explicação razoável pra tudo.

— É isso que você acha? Que eu vendi Loani? — Hermes agarrou os punhos de Delfim, mas não conseguiu se soltar. — Eu amo ela mais do que você.

— Que grande demonstração de amor, deixar ela nas mãos de Nero!

— EU NÃO DEIXEI! Eu só tô fazendo o que eu posso pra salvar Loani! Você que desistiu dela! Se encantou por um par de óculos e sei lá mais o que ela fez pra te colocar numa coleira!

— Você deixa Anabela fora disso! O que era a mensagem que você ia passar?!

— Anabela tá usando você! Deixa de ser tonto! Ela pode ficar catando areia o quanto quiser, não muda nada que ela é uma nobre sorrense!

Uma futura duquesa. Engoliu a lembrança recente como se fosse remédio e deixou para depois.

— E você com Loani?! Tava fazendo o que?! Por que é que você se encontra com contrabandistas de pérolas de cassis num instante e no outro vai correndo tentar falar com o nosso maior inimigo? Por que-

— PORQUE NÃO TEM JEITO! Os mares são de Nero agora, e quanto mais rápido a gente aceitar isso, melhor! Loani-

— Não.

— Loani sa-

— Não! Eu me recuso a aceitar isso e aceitar que você virou um frouxo! O que diz a mensagem de Julião?!

Delfim tentou alcançar os bolsos, procurando o papel. Um vidrinho cheio de pérolas rolou pela vegetação e Hermes começou a se remexer como se possuído pelos Santos, tentando alcançar. Voltaram aos socos e chutes, um desespero cada vez maior dominando os movimentos do ruivo — entre a agitação imprevisível do adversário e os ninhos e montes de caca, foi difícil manter o equilíbrio.

Com um empurrão e um chute por baixo, Hermes o jogou sobre um ninho e saiu tropeçando na direção do vidro, chegando cada vez mais perto da borda do penhasco. Delfim se lançou sobre ele, caíram juntos com a cabeça perto da beirada, e lá embaixo viu.

O Estrela Sangrenta, com velas e sacos aéreos recolhidos, flutuava sereno num abrigo de rochas escarpadas. Pedrinhas e poeira rolaram para o mar de onde brigavam, os papagaios levantaram voo — nada perturbou o navio. Nenhum apito de vigia ou alerta. Quase como se estivesse abandonado.

Um soco na barriga o trouxe de volta para a luta. Hermes saltou por cima dele e correu pela borda. Antes que pudesse ir atrás, algo cortou o ar, raspou sua bochecha.

Delfim se levantou a tempo de ver o projétil se expandir e se dividir em três direções. Cordas finas se embolaram nas pernas e braços de Hermes, ele foi ao chão, se sacudindo como podia.

— Então é a isso que vocês piratas se referem quando dizem “cagado de papagaio do mar”?

Os outros três Sem Nome desciam sem pressa por entre os ninhos. Se movimentavam com segurança e não despertavam desconfiança nas aves, apesar de um deles ainda manter Hermes na mira de uma arma de cano longo.

— O que vocês estão fazendo aqui?

O Sem Nome de pele preta parou ao seu lado enquanto os outros dois prosseguiram, andando em sincronia de passos.

— Viemos prestar auxílio.

— Não preciso.

O homem não alterou a expressão, o encarou inclinando a cabeça para o lado. Lá embaixo, o Estrela Sangrenta seguia imóvel, sem movimento de tripulação.

— Por que vieram?

— Por causa de Doutora Argo.

Todo o ar deixou seus pulmões. Já incapaz de se agarrar aos últimos pingos de dignidade, Delfim se deixou cair sentado na borda de um ninho alto e pegou um pedaço de alga pra limpar todo o cocô — fosse por pena ou em respeito ao Sem Nome, o casal de papagaios não reclamou.

— O que tem ela?

— Nos fez uma boa proposta.

Ele riu sem humor, se sentindo o maior monte de caca do ninhal. Salvo por ela, de novo.

— Claro que ela fez, é muito boa nisso. E o que ela prometeu?

— Nada que diga respeito a você.

As palavras não foram ditas com agressividade, mas Delfim sentiu o golpe mesmo assim. Era possível que nada sobre Anabela Argo lhe dissesse respeito, o que era também uma grande ironia porque, no momento, tudo de sua vida parecia girar em torno dela.

Continua…

Nas próximas edições...

 Entre traições e acordos, Delfim se vê cada vez mais perdido nos próprios sentimentos por Anabela. No próximo capítulo, o Balaena vai zarpar de novo, mas não necessariamente para um lugar mais tranquilo... ainda bem que Ladrão estará a bordo!

 Bom final de semana e até a próxima!