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20.000 Histórias Submarinas - Areia e Pólvora #13

 Essa semana vários medos e preocupações vieram bater na nossa porta, e ainda assim o mundo espera que a gente continue em frente como se fosse só mais um dia da Terra girando. Espero que você que está lendo possa tirar pelo menos alguns momentos de tranquilidade mergulhando no mundo de Areia e Pólvora, onde as coisas não são tão pacíficas mas pelo menos sabemos que Ladrão fará de tudo pra salvar o dia.

 Boa sexta-feira e bom feriado de carnaval se você tiver!

Atenção! Essa newsletter pode conter erros de digitação! Por favor, ao embarcar, use o colete salva-digitação!

Nos capítulos anteriores...

 O Balaena se depara com uma calmaria, e muitas dúvidas surgem na tripulação. Teria a cientista prisioneira planejado tudo aquilo? Na imobilidade do navio, Anabela e Delfim conversam sobre a vida e desenhos, até que estoura um motim no navio. Mais uma vez, ela precisa contar com o capitão para mantê-la segura, mas e se ela pudesse fazer alguma coisa para acalmar a tripulação?

13 - Um capitão de muitos braços

Delfim podia ter culpado toda a situação pelo nervosismo. Sequestro de Loani, braço sem movimento, motim em plena calmaria… A verdade é que estremeceu de ver o olhar arregalado de Anabela focando em tudo e nada ao mesmo tempo, os óculos meio tortos. Desde a tomada do Curiosidade, já tinha presenciado o fenômeno algumas vezes e em geral ele acabava dolorido ou com o braço numa tipoia. Que se danasse o irmão caçador de piratas, Anabela era a Argo perigosa. Como alguém soltava uma criatura daquela no mundo sem se importar com as consequências?

Trancou a porta da cabine por fora, precisava protegê-la da tripulação e proteger a si mesmo dela. Ladrão latiu indignado pela fresta, arranhando a madeira e ganindo para se juntar a luta. Delfim teria respondido, se um corpo não tivesse se chocado contra suas costas. A chave em sua mão voou pelo corredor, deslizou pelo chão até sumir atrás de uma confusão de botas e chutes.

Hermes e mais dois empurravam o cozinheiro, Gil, se debatendo com uma colher de pau numa mão e um cutelo na outra. Aos seus pés, uma garota recém-chegada na tripulação se engalfinhava com o carpinteiro, disputando um saco de maçãs. Mais adiante, Dudalina gritava da base da escada com alguém no convés superior.

— Se eu tiver que subir aí, vocês todos vão esfregar o convés com a língua! — A contramestre apontou um martelo para cima. — Se não for pra ajudar a colocar esse navio em movimento, faz o favor de calar a boca e não sair do lugar!

Por cima e por baixo, ouvia a tripulação em pé de guerra. Atrás da porta os latidos de Ladrão tinham se tornado abafados, porém seguiam incessantes. Delfim bateu a bota no chão com força, invocou a voz mais grossa e assustadora que tinha aprendido com o pai para se sobrepor à cacofonia do desastre.

— SEU BANDO DE PAPAGAIO SEM PENA, QUE BADERNA É ESSA?!

O pequeno caos do corredor congelou. Ele encarou Hermes, esperando uma explicação.

— Nosso querido Gil deixou o posto pra se esvaziar, e alguns espertalhões resolveram se aproveitar. — Ele disse entredentes, apontando para os dois no chão. — E com isso descobrimos que o próprio Gil estava escondendo suprimentos só pra ele.

A garota e o carpinteiro tentaram retomar a disputa, mas um pontapé de Delfim os fez parar de novo.

— E lá em cima?

— Disputa por água e por quem vai ter a honra de jogar a doutora na água — Hermes respondeu num sibilo.

O olhar do imediato percorreu o chão, procurando de forma nada discreta a chave caída. Delfim também não fazia ideia de onde estava, mas não podia se dar ao luxo de demonstrar essa preocupação, teria que contar com Ladrão e a genialidade de Anabela para mantê-la segura caso alguém conseguisse entrar na cabine.

— Eu, como cozinheiro, tenho o direito! Eu sei quem come muito e quem come pouco! — Gil reclamou, tentando libertar os braços.

— A questão não é só comida, seu desgraçado! Alimento também é água! — Hermes gritou.

— Já chega! Quero todo mundo no convés, AGORA!

Do outro lado do corredor, viu Dudalina observando a situação em silêncio, o rosto e as roupas estavam sujos de carvão. Ergueu as sobrancelhas para ela, e recebeu um balançar de cabeça dizendo que não. Seria uma longa noite. Ou noites.

*

A tripulação do Balaena sempre tinha sido motivo de orgulho pros Lucas. Corajosa, bem-humorada, com o coração no lugar — dentro do possível. Encarar os olhos assustados revirava seu estômago, o forçava a reconhecer que não tinham condições nenhuma de lutar contra Nero se um único dia de calmaria os desestabilizava daquela forma.

As palavras travaram na garganta, o silêncio de Hermes e Dudalina um de cada lado trazia julgamento e expectativa. Sempre soubera que o comando demandaria decisões difíceis, mais de uma vez estivera ao lado do pai fazendo escolhas questionáveis em função de uma visão maior dos acontecimentos — tinham, todos a bordo, ido viver nos Mares Esquecidos justamente para ter o poder de escolher, para não terem a vida dominada pelas decisões de reis e ministros e sacerdotes. E lá estava ele, influenciando a vida da tripulação por questões pessoais.

A oposição a Nero tinha começado fácil, uma questão de princípios por liberdade, um acordo mudo sobre o que os Mares Esquecidos deveriam ser. Em questão de dias ia se transformando cada vez mais em algo pessoal. Resgatar Loani, ir atrás de um antídoto… confiar numa cientista irmã de um caçador de piratas. Fosse ele um marinheiro qualquer, talvez também pegasse em armas contra o capitão.

Pelo canto do olho, tentou adivinhar o que Hermes faria, a opinião do imediato era crucial numa hora dessas. Pálido, machucado, suando, abrindo e fechando a mão atrás das costas. Não era um bom sinal. Do outro lado, Dudalina estava ereta e de braços cruzados, uma rocha afiada disposta a afundar navios.

— O Balaena já sobreviveu a coisas muito piores que uma calmaria! — Delfim tentou encarar cada um, torcendo para a voz grossa fazê-los esquecer do braço imobilizado e a imagem vulnerável que passava. — A maioria de vocês me conhece desde garoto. Sangraram com meu pai, sangraram comigo. Passaram sede com ele e comigo também. Isso não é diferente de outras calmarias!

— Seu pai nunca levou a gente pra águas amaldiçoadas!

Gritos de concordância.

— Ele nunca precisou, mas também nunca temeu nos levar onde fosse preciso! O primeiro Capitão Lucas nunca-

— Nunca temeu fazer o que era preciso, verdade. Inclusive sacrificar um ou outro, por mais que doesse.

As palavras saíram baixas, mas com o silêncio dos Atóis todos ouviram. Gil, o cozinheiro, estava sentado num barril, o cutelo na mão e a cabeça apoiada no mastro.

— Você fala de calmarias, garoto. Então eu vou falar de tempestades. Eu naveguei com seu pai de lá de baixo quando você não sabia nem andar direito, quando largamos as poças fedidas e as coroas sangrentas dos países meridionais. Eu estive com ele em cada passo. E nunca, com os santos como testemunha, nunca mesmo, questionei as decisões dele. Ataques perigosos, viagens por lugares desconhecidos, associação com gente ruim… tudo ficava abaixo do propósito maior. Ponta Quebrada.

Casa.

Diferentes graus de suspiros atravessaram a tripulação. Estavam há muito tempo no mar, lutando e navegando, lutando e navegando, sobrevivendo e navegando e no momento só sobrevivendo. Ponta Quebrada era o Porto Seguro de todos ali, e com sua mera menção Delfim viu olhares mais bravos surgindo entre os marinheiros. Pessoas desesperadas fariam qualquer coisa pra voltar pra casa.

— Dez viagens eu fiz com seu pai só pra trazer gente do sul pra cá, dar uma oportunidade pra quem não tinha nada a não ser a sarjeta ou um emprego qualquer pra fingir que era gente… dez viagens que a gente arriscou tudo.

Dudalina se remexeu, trocou o peso dos pés. Delfim quase podia ouvir o desconforto do passado dela batendo na madeira do casco.

— Você era um moleque já correndo na areia de Ponta Quebrada quando fizemos a última, quando encontramos uma tempestade tão grande que até os Argo enfiaram o rabo entre as pernas e procuraram o porto. O Balaena ainda voava bonito igual uma andorinha-do-mar, a gente viu as nuvens de longe, a gente viu as armadas procurando abrigo, e a oportunidade surgiu. Atravessamos. Pelos santos, nós atravessamos com tudo que esse navio podia dar.

Delfim sempre considerara Gil um membro importante do Balaena, mas naquele instante o odiou, era um golpe baixo recontar aquilo. Era uma história famosa em Ponta Quebrada, lembrada com espanto de tempos em tempos naquele mesmo convés. Pelo canto do olho, viu Dudalina tremer.

— Perdemos os balões, perdemos o motor, só dava pra velejar na pior tormenta que eu já vi nessa minha vida de marujo… e quando perdemos o mastro, seu pai não hesitou em fazer a coisa certa. O mastro caído pro lado, preso nas cortas, ia puxar a gente pro fundo. O capitão sabia, era o mastro, ou toda a tripulação e quem a gente tava levando pra uma vida melhor. Um ou muitos. E você sabe quem tava no mastro, garoto?

— Você não precisa me contar a história da minha família, velho — Delfim disse entredentes.

— Pelo jeito eu preciso sim, te lembrar que teu pai aceitou o fardo de sacrificar o próprio irmão pra salvar todo mundo. E eu estava do lado dele, ajudei a cortar as cordas, eu sei o que custou. — Gil se levantou, e apontou o cutelo na direção dos três. — E agora você não quer sacrificar uma princesinha qualquer pra gente sair logo daqui? Você não pode tá com a cabeça no lugar. O que vocês acham?

Murmúrios de arrepiar percorreram parte da tripulação.

— A gente devolve a garota pros mortos, e os santos deixam a gente sair daqui. É simples assim — disse Gil, seguido de palavras de concordância de outros.

— Isso é só uma lenda! — Delfim respondeu.

— Sabe o que mais Capitão Lucas nunca deixou de fazer? — disse Dudalina, de repente. — Navegar até o fim do mundo pra resgatar um dos nossos. Você fala de tempestade e sacrifício, mas você não é o único que se lembra, Gil. Eu estava lá, eu fui uma criança resgatada nessa última viagem e fui que encontrei o capitão chorando escondido nos porões depois de tudo. Depois de desistir do irmão, ele jurou, na minha frente e de todas as outras crianças, que nunca mais ia desistir de ninguém. E ele nunca mais fez isso. Por vinte anos ele comandou o Balaena, e cumpriu esse juramento até o fim, até o dia que ele se sacrificou por mim, que não era nada a não ser uma marinheira na tripulação! Então, não, você não vai ficar aqui nesse convés falando do que Capitão Lucas faria ou não faria, quando a gente sabe muito bem que ele jamais hesitaria em fazer qualquer coisa pelos filhos dele! Navegaria por águas amaldiçoadas pra encontrar um antídoto pra Delfim, e faria… negociaria qualquer um em troca de resgatar Loani!

Aqui e ali, sussurros de concordância com a contramestre. A porção mais jovem da tripulação a escutava, confiava na inteligência dela.

— É isso! Nós precisamos da garota viva! — Hermes concordou — Além dela estar estar nesse instante fazendo um antídoto para o atual capitão, Loani está há dias nas garras de Nero. O único jeito que temos de conseguir ela de volta sem seguirmos as ordens daquele maluco é entregando a Argo!

Pouco a pouco, a cisão passou a ser visível. Uns se aproximaram do trio do comando, outros do cozinheiro. Metade a metade. Delfim inspirou fundo, se preparando para o inevitável. Falhara como capitão, mas teria que remoer o assunto mais tarde.

— Não precisamos! Nós podemos lutar, nós não somos inúteis! — Gil gritou de volta — Joguem a garota no mar e logo logo estaremos navegando pra combate, pra livrar os Mares Esquecidos! Todos juntos!

— Essa são palavras muito corajosas e nobres vindo de alguém que fica na cozinha durante todos os ataques e estava escondendo comida alguns minutos atrás — Delfim sibilou. A raiva de si e de outros pulsava com o medo de não conseguir salvar Loani e a vida de Anabela ser perdida à toa também. Tirou a espada da cintura e bateu a bota no convés. — As regras do Balaena continuam como sempre foram, cada um pensa o que quiser e escolhe o que quiser. Mas todo navio tem um capitão, um imediato e um contramestre por um bom motivo, e se vocês já viram nós três discutindo no passado conseguem ver bem que hoje a nossa decisão é unânime. A garota fica viva e racionamos comida e água até o vento voltar. Quem não quiser se submeter ao nosso comando, é livre pra descer num bote e sair daqui remando, ou tentar a sorte contra a praça d’armas.

Gil não recuou.

— E essas são palavras muito corajosas pra um capitão que tá com um braço só.

— Ele não tem um braço só, ele também tem os meus! — Dudalina sacou o martelo e a faca da cintura.

— E os meus! — Hermes ergueu a própria espada.

O movimento foi sendo replicado no convés como uma onda. Pistolas, espadas, ferramentas, ganchos. Ia ser uma briga suja.

— Eu não vou morrer de sede e amaldiçoado pela teimosia de três moleques de coração mole que não entendem nada de mar! — Gil gritou, levantando o cutelo ao se virar para a tripulação. — Quem está comigo?!

Mais vozes do que seria o ideal responderam, e depois que o primeiro garoto assustado se lançou com nada a não ser um pedaço de pau pra cima de outro, não tinha mais volta.

— Não vamos brigar pra matar — Delfim disse aos dois — Desacordar ou prender, um banho de sangue também não vai adiantar nada.

— Pode deixar, chefe.

— E vocês sabem-

— Ninguém vai chegar na garota. Sim. — Hermes interrompeu. Pegou algo pequeno de dentro do colete e jogou na boca, fazendo uma careta ao engolir. Dudalina arregalou os olhos, mas o imediato voltou a falar. — Só que quando chegar a hora, vocês vão ter que entregar a vida dela, quanto mais cedo aceitarem melhor.

Delfim não respondeu, não teria condições nem se um marinheiro revoltoso não tivesse se jogado no meio dos três. Ouvir até de Dudalina que seu pai entregaria Anabela foi como jogar água salgada numa ferida aberta, e ele tinha algumas. Só podia se contentar que, pelo menos por enquanto, ela estava segura com Ladrão.

Gil, não teve coragem de ir contra ele, liderou o pessoal da cozinha contra Dudalina e a equipe que trabalhava com ela na manutenção do navio. Hermes não esperou ser atacado, se jogou como um tubarão descontrolado no meio de um cardume. Mas a maioria partiu pra cima de Delfim.

Não se orgulhava de estar descontando a frustração em quem o atacava. Aquelas eram pessoas conhecidas, amigas, e algumas provavelmente tinham tentado se embriagar pra não pensar. Todas ele provou estarem erradas por pensarem que estava mais fraco por estar lutando com um braço só. A loucura do marisco-ardente realmente removera qualquer traço de dor, e uma mente sem distrações valia mais do que qualquer coisa no aperto — os filhos de ouriço tentavam acertá-lo no ferimento, e se surpreendiam ao ver que ele não o abalava. Apanhou um bocado, mas bateu em dobro.

Golpearam, chutaram, aqui e ali até morderam em homenagem a Ladrão. A fúria de Hermes assustava os mais inexperientes, e a esperteza de Dudalina ludibriava os cascas-grossas. Delfim, que não acreditava ter nenhum talento especial, ganhava as lutas que travava na teimosia mesmo.

— Seus burros! Ele vai conduzir todos vocês pra morte! — Gil gritou quando viu os números diminuindo. O grupo de Dudalina tinha prendido a maior parte dos combatentes dele com o cordame das velas frouxas. — E eu nunca mais vou cozinhar pra vocês!

— Ha ha ha! Agora sim você me convenceu, meu bem! Ninguém aguenta mais sua comida! — Dudalina golpeou o martelo numa peça metálica, chamando atenção de quem estava em volta. — Atenção tripulação! Se a gente vencer Gil nunca mais vai cozinhar! E quem colocar mais rebeldes nas celas ganha uma dose extra de grogue essa madrugada!

O incentivo extra funcionou, apesar de ter deixado a luta mais desengonçada. Os marinheiros que lutavam pelo comando arrastavam outros já desacordados para o interior do navio, os revoltosos começavam a trocar de lado. As divisões de quem brigava pelo que já não estavam mais tão claras.

— Logo… logo… eles vão se cansar. — Hermes ofegou, se apoiando no mastro ao lado de Delfim. — Estão lutando… com pouca comida… e água…

— E você tá bem pra lutar? Tá com a cabeça no lugar? O que foi aquilo que-

— Eu to ótimo, olha! — Hermes apontou Gil fugindo para dentro do navio. — Ele viu onde a chave da cabine caiu!

Os dois correram, trombaram com Dudalina vindo também, desceram as escadas aos saltos, desviando de outros. Gil estava tateando pelo chão quando a contramestre o chutou na barriga e Hermes terminou o serviço com um soco de deixar desacordado. O único objetivo de Delfim tinha sido pegar a chave antes que mais alguém tivesse a brilhante ideia.

Pouco a pouco, com o líder da revolta sendo arrastado para as celas no porão, os sons de motim foram diminuindo. Qualquer luta prolongada por uma causa perdida era um desperdício de energia. E com isso, conseguiram ouvir os latidos, ininterruptos e desesperados.

Os três avançaram para a cabine, o coração de Delfim batendo no peito mais doído que qualquer golpe que tinha tomado durante a briga ao colocar a chave na fechadura. Assim que abriu a porta, Ladrão saiu em disparada, deixando uma cabine vazia pra trás.

Anabela não estava trabalhando na mesa, nem deitada, nem escondida. Havia apenas a janela aberta, escancarada como se estivesse rindo da burrice que tinha sido deixar aquela garota impossível sem supervisão humana.

Ouviu Hermes e Dudalina se assustando as suas costas, o imediato xingou baixinho. Só restava ir atrás dela, de novo.

— Pega, Ladrão!

 Continua...

Nas próximas news...

 Ainda pensando em como reformular a parte temática das 20.000 Histórias Submarinas, mas já já ela volta com tudo!

 E nos capítulos seguintes de Areia e Pólvora vamos descobrir qual foi a ideia brilhante de Anabela dessa vez. O vento talvez não venha, mas quem disse que ninguém navega pelos Atóis Silenciosos?