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20.000 Histórias Submarinas - Areia e Pólvora #12

Bom dia! Semana passada não teve edição da newsletter, mas Areia e Pólvora segue firme e forte, porque uma sexta-feira não é completa sem piratas e cientistas.

Para sua segurança, use o colete salva-digitação antes de prosseguir com a viagem!

Nos capítulos anteriores...

Delfim e Anabela voltam dos Atóis com tudo que precisam, mas as coisas não estão fáceis no Balaena. Cada vez mais desconfiado do comportamento de Hermes, o capitão e o imediato lutam, até perceberem que deram de cara com um dos piores eventos climáticos para um navio a velas no mar: uma calmaria. A tripulação está certa que é tudo culpa da pessoa que os levou até aquele lugar amaldiçoado, e as dúvidas se multiplicam dentro de Delfim.

12 - Uma tempestade dentro da calmaria

Não era bem um laboratório, não era nem um conjunto de aparelhagens experimental. De todo modo, Anabela daria um jeito. Pelo menos, não tinha nada que pudesse explodir ali — havia apenas substâncias potencialmente letais se dosadas incorretamente, mas depois do advento do marisco-ardente, estava se sentindo confiante sobre ter estudado Delfim o suficiente para acertar. Estudar o capitão não era tão difícil, no final das contas.

Ajeitou os óculos, sem graça com o pensamento. Não era hora de se distrair.

Dudalina entrou trazendo um tacho de água fervente, já com alguns espécimes de verdade lá dentro. Tinham garimpado utensílios do saque do Curiosidade e objetos da cozinha do Balaena para montar uma banca laboratorial na mesa da cabine do capitão. Estava uma bagunça, olhou com desânimo enquanto se sentavam lado a lado.

— Se os cientistas da Academia me vissem agora… talvez eu ganhasse pontos pela capacidade de improviso, e com certeza seria taxada de louca demais para merecer uma vaga. Iam achar que eu sou uma curandeira.

— O que tem de tão bom na Academia pra você?

— Aprendizado. Recursos. Prestígio. — Paz de espírito, por cumprir uma promessa e acompanhar Castro. Reconhecimento. Saber que não era a Argo inútil. Se fosse falar a lista completa, talvez não tivesse coragem de continuar com aquela loucura. Ela não tinha nem uma mísera pipeta!

— Mas isso é pra você, ou é pro seu reino?

Foi mais o tom do que a pergunta em si. Dudalina enrolava um dos cachos no dedo, olhando para um caderno em branco aberto sobre o colo. O objeto era velho, já com poucas folhas em branco sobrando, algumas soltando.

— Por que você não roubou os cadernos novos do Curiosidade? No paiol de pesquisa tinha uma pilha deles.

— Não tenho muito tempo livre. — Os ombros caídos disseram mais que as palavras. — E a pergunta que eu fiz?

— Não é um ou outro, é pelos dois. Desde que a última Astrônoma Chefe assumiu, todos os pesquisadores são obrigados a manter pelo menos uma linha de pesquisa com aplicação prática e direta em benefício do povo.

— Aurélia Arundel… É verdade que ela é tão brava, que quando ela fala, ninguém mais tem coragem de falar junto? E que foi ela que descobriu que algumas estrelas não são estrelas?

Incapaz de esconder a surpresa, Anabela largou a pinça que tinha pegado.

— Eu não a conheço pessoalmente… mas sim. Catalogando o céu, Dra. Arundel descobriu que algumas das estrelas mais brilhantes que vemos são outra coisa, planetas, objetos celestes redondos como a lua.

Os olhos de Dudalina brilharam. Foi por um instante, rápido como uma estrela cadente, antes de sacudir um cabelo e limpar a garganta.

— Bom, quando você for apresentada a ela, você me conta se a parte da brabeza é verdade.

— Se. Se eu for apresentada a ela.

A contramestre mordeu o lábio.

— Talvez você sobreviva a Nero… seu irmão está vindo, com certeza

Anabela lhe ofereceu um meio sorriso. A verdade era que estivera pensando mais na improbabilidade de ser aceita na Academia do que na situação do momento, mas o lembrete foi bem-vindo. Pegou a pinça de volta.

— Vamos começar então, pra sobreviver a Nero eu antes tenho que sobreviver ao seu chefe.

— Pff. Bobagem. Delfim está bem longe de ser um santo, mas também está bem longe de te matar por qualquer coisa.

Como se convocado, o capitão irrompeu cabine a dentro com Ladrão nos calcanhares, fazendo as duas saltarem no lugar. Delfim bateu a porta, tão forte que foi e voltou, uma ofensa tão grande que ele bateu de novo e trancou. Brandindo a chave no ar, apontando para Anabela, ofegante, abriu e fechou a boca várias vezes antes de decidir o que falar.

— Eu… vou te matar!

— O que foi que eu fiz?! Se for por causa do braço já falei que o movimento vai voltar.

Delfim riu, a garganta seca e sem humor algum.

— O que você fez? Ha ha ha. Muito boa essa sua cara de sonsa. — Ele olhou de uma para a outra, ainda balançando a chave. — Eu não acredito que eu caí na sua conversinha!

— Chefe, o que aconteceu?!

— Olha em volta, Dudalina. Presta atenção no navio.

Anabela gostaria de ter feito o mesmo, mas a atenção estava presa em Delfim. A respiração ofegante, o rosto ruborizado, a pupila dilatada. Nesse momento, percebeu as vozes exaltadas vindo de outras partes do navio. Ladrão havia se postado entre os dois, as orelhas e rabo abaixados. Foi reparar no cachorro que a fez se dar conta. Estavam parados. Muito parados. Sem movimento para frente, sem balançar com o jogo das ondas. Nada.

— Filho dum ouriçooooo! — Dudalina foi até a janela espiar. — A gente tá muito cagado mesmo, nada dá certo! Nem lembro a última vez que isso aconteceu!

— E adivinha quem a tripulação está culpando? — Delfim perguntou, encarando Anabela.

— Ah não… tão achando que é a maldição que prendeu a gente na calmaria? — Dudalina perguntou.

Até então, a reação de Delfim tinha parecido exagerada, mas as palavras da contramestre a despertaram para as implicações do momento. Não se importava com o que a tripulação pensava, um outro detalhe a incomodou.

— Como assim prendeu a gente? O Balaena tem sacos aéreos, não tem? E combustível? Sobe o navio até encontrar uma brisa e pronto.

Dudalina pigarreou e começou a enrolar um cacho no dedo. Delfim ficou vermelho. Foi a vez de Anabela se encher de raiva. Quanto mais tempo passava, mais parecia inacreditável que tinha perdido o Curiosidade para aquelas pessoas.

— Estamos presos na calmaria? — Olhou para contramestre, querendo mais uma confirmação. A garganta secou, pensando no céu sem nuvens sob o qual tinham nadado. O sal, ainda grudado no cabelo, pareceu ser absorvido direto para a garganta. — Estamos… presos na calmaria. Qual é o problema? Os sacos aéreos? Combustível? Engrenagens?

— Tudo — Dudalina suspirou — Não conseguimos atracar para reparos nas últimas semanas.

— E vocês saem navegando por aí assim? Um navio que não voa é praticamente uma banheira velha!

— Não ofende o navio que eu tô isso aqui de te jogar pela borda — Delfim sibilou.

— Banheira velha! Com uma tripulação supersticiosa e um capitão burro! — Anabela tirou os óculos para esfregar o rosto, o sal ardeu no olho. — Mas está certo, vamos fingir que é um navio híbrido moderno… o que podemos fazer de reparos?

— Não, nem pensar! Você não vai encostar um dedo no Balaena! Nós temos uma contramestre e ela tá aqui pra isso. Você vai ficar quietinha aqui dentro, se botar o pé lá fora eu não tenho como garantir a sua integridade física.

— Que tipo de capitão não consegue controlar a própria tripulação?!

— O tipo que ouve mulheres sorrenses malucas! — ele gritou tão alto que Ladrão deu um pulinho no lugar — Maldita hora que eu ouvi a sua conversinha de veneno e antídoto!

— Maldita hora que você resolveu me trazer pra cá em vez de me deixar em Porto Aveiro!

— Nero podia te achar e matar!

— Agora isso é mais certo do que nunca porque você tá me levando pra ele!

Antes que Delfim pudesse retrucar, Dudalina bateu palmas com força e se colocou entre os dois. Ao ver que tinha conseguido o silêncio, a contramestre colocou as mãos na cintura e suspirou.

— Sabe, vocês precisam resolver logo toda essa tensão no ar. Achei que tinham demorado nos Atóis por causa disso, mas pelo jeito vamos ter que aguardar mais algumas noites dormindo na mesma cabine… — Ela levantou um dedo antes que um dos dois pudesse argumentar. — Sobre o problema atual. Anabela continua no antídoto, eu vou pra casa de máquinas. Você, chefe, segura a tripulação.

Ladrão latiu, balançando o rabo.

— Concordo, você fica aqui cuidando da nossa hóspede... prisioneira... passageira... hm... de Anabela.

*

Na imobilidade da calmaria, Anabela lutava contra uma tempestade particular, tumultuando o raciocínio. O som da faca no pedaço de coral competia com o do rabiscado constante no papel, a respiração de Ladrão um ruído suave bem próximo, a cabeça apoiada em seu colo enquanto trabalhava.

A cabine mal iluminada não incomodava tanto, a mente distraída atrapalhava mais do que qualquer coisa. Enquanto a extração das substâncias não passava de uma etapa mecânica, os pensamentos vagavam por considerações desconfortáveis. A lista de formas mais prováveis de morrer se alterava rápido demais — saque pirata, afogamento, se espatifar no chão da feira, torturada por Nero, desidratada, e, não menos perigosa, loucura.

Loucura era a única explicação lógica para, a cada poucos minutos, inclinar a cabeça e tentar espiar o que Delfim rabiscava, equilibrando um caderninho de couro em cima do braço imobilizado. Cada um ocupava um lado da mesa da cabine, a posição perfeita para se encararem de tempos em tempos.

Já era bem tarde da noite, e nenhum dos três dava sinal de ir dormir. Tinham passado o dia trabalhando, cada um em seu canto, e encaravam uma longa madrugada pela frente confinados no mesmo espaço. A provocação de Dudalina ecoava, como se a contramestre ainda estivesse ali repetindo as palavras sobre tensão mal resolvida.

— Você sabia? — ele perguntou de repente, concentrado no caderno. — Da calmaria?

Anabela riu, o que o instigou a levantar a cabeça. A raspagem e o rabisco pararam.

— Você não pode estar falando sério.

Ele ergueu uma sobrancelha, aguardando.

— Talvez se vocês não tivessem roubado e perdido o Curiosidade, eu pudesse ter visto indícios meteorológicos com os instrumentos mais modernos do mundo. Aqui, presa, meu serviço de previsão do tempo não está em sua melhor forma. Delfim, como eu poderia saber? É impossível sem os aparelhos.

— Você mesma disse que queria tempo, e que forma melhor de ganhar tempo do que deixando um navio preso numa calmaria?

— Se eu fosse, não tinha sido feita prisioneira de um pirata num navio caindo aos pedaços.

— E esse antídoto? É real?

— Olha pro ferimento e me diz se ele parece melhor ou pior.

Ela fez esforço para não observar, mas cedeu à curiosidade assim que ouviu o tecido deslisando sobre a pele. Era insuportável. E era viciante. Delfim Lucas, com todas as tatuagens e cabelo desgrenhado e olhar perturbado, era um espécime interessante demais.

Mesmo de longe, era óbvio que o ferimento tinha piorado, estava tão escuro quanto algumas das tatuagens. Se o efeito do marisco passasse antes dele tomar o antídoto, a dor seria pior ainda. Anabela se forçou a voltar ao trabalho — se continuasse a conversar, caíram de novo naquele ciclo eterno de apontar culpas que não mudava nada. Então, percebeu o caderninho de couro largado aberto em cima da mesa.

— Você desenha.

Delfim bufou, desistindo de se colocar de volta na tipóia para puxar o caderno de volta, escondendo o desenho antes que ela conseguisse ver em detalhes.

— Não precisa fazer essa voz de surpresa. Ser uma bandido não me priva de ter outras habilidades.

— Não estou surpresa ainda, só... não vi se desenha bem.

A carranca de Delfim não deu indícios de que responderia, então Anabela voltou ao próprio trabalho braçal. A verdade era que tinha coletado muito mais criaturas do que precisava, não tinha resistido a pegar amostras de criaturas que nunca tinha visto — também tinha acreditado que se tivesse coisas a investigar, poderia se distrair pra passar o tempo e se manter tranquila enquanto era levada. Não tinha contado que a incógnita no formato de homem roubaria sua concentração.

Terminou de raspar o coral, e pegou uma estrela do mar para extrair o líquido ambulacral. Estava com a faca na metade do caminho quando o ouviu limpar a garganta. Delfim virou o caderno, revelando traços detalhados de Ladrão com a cabeça apoiada numa perna. Anabela decidiu ignorar a empolgação que sentiu com aquela pequena concessão.

— Como eu só desenho quando estou sozinho, ele é meu modelo mais frequente.

Por reflexo, Anabela sorriu para o cachorro, afagando o pelo embaraçado.

— Então eu não conto como companhia?

Falou sem pensar, e quando se deu conta de como tinha soado, já era tarde demais. Aquele sorriso de lado, meio arrogante meio impossível de ignorar, apareceu. Era só uma sombra perto da confiança que ele demonstrara no dia da feira, mas era uma expressão muito melhor do que a testa franzida, e fez Anabela reparar em como os pelos do cavanhaque faziam as mesmas curvas que o pelo do Ladrão. Tal cão, tal humano.

— Está se oferecendo para ser minha modelo?

— Se eu ver outros desenhos e decidir que são bons, quem sabe?

No curto instante que demorou para o sorriso dele aumentar, ocorreu a Anabela que não havia situação do que aquela para soar como se estivesse flertando. Coisa que absolutamente não estava. Ajeitou os óculos, fingindo não reparar nas reações do próprio corpo.

Delfim empurrou o caderninho até o lado dela da mesa.

— Para sua consideração.

A maioria era de desenhos de Ladrão nas mais diversas posições, ensaios de patas, orelhas e focinho. Aqui e ali algumas representações do Balaena, algumas da mulher que sabia ser Loani, alguns poucos de Hermes e Dudalina. Paisagens, navios, objetos, animais marinhos — tudo com um traço firme, representações perfeitas.

— São… muito bons. Bons no nível de que conheço naturalistas que pagariam muito caro para usar em enciclopédias — comentou, folheando o caderno com cada vez mais avidez. — Se um dia cansar da pirataria…

— É só uma distração para passar o tempo.

— Você mesmo as desenhou. — Olhou dos desenhos para as tatuagens, percebeu a expressão surpresa dele.

— A maioria, sim. Nem todo mundo repara.

Encontrou m desenho bem detalhado de um casal. Os traços dos rostos eram familiares o suficiente para identificar o parentesco.

— Seus pais?

— Sim.

Ele fez parecer que ia dizer mais, desistindo com um retorcer de lábios. Na página seguinte, viu o rosto de um homem lindo, cachos delineados com perfeição e um olhar quase brilhando como se fosse um daguerreotipo e não um desenho. Muito esforço havia sido colocado naquele ali. Tempo e dedicação. Uma inveja inesperada a corroeu por dentro, jamais tinha sido o alvo de tanta atenção de alguém como aquele homem havia sido de Delfim.

— Passado — ele disse, um desafio no olhar para que ela perguntasse.

Queria e não queria saber mais, como quando dissecava algum animal em estado avançado de decomposição, sabia que provavelmente não encontraria nada que prestasse mas ainda assim precisava ir até o fim pra ter certeza. Volta e meia grandes descobertas eram feitas na carniça.

Não deveria haver nada no passado e presente de Delfim Lucas que a interessasse para além do ponto em que sua vida estava nas mãos. Estava bastante convencida disso, até fechar o caderno na cara do homem misterioso e devolvê-lo. Delfim se esticou para pegar, parecendo fazer questão de esbarrar nos dedos dela.

— Bons o suficiente para você estar na minha galeria?

— Eu já estou aí, foi a minha perna que você desenhou embaixo de Ladrão.

— Sim, é uma boa perna, e eu gostaria do resto que a acompanha.

Os óculos escorregaram pelo nariz de Anabela, desfocando o mundo por um momento. Não era possível que estivessem mesmo tendo aquela conversa. Pirata e refém, presos numa calmaria, ambos com os dias contados pra morrer se ela errasse no antídoto no qual não estava trabalhando por estar distraída demais.

Foram interrompidos por um estrondo do lado de fora da cabine. Ladrão latiu, indo farejar sob a porta. Gritos sobre o racionamento de comida e água se seguiram. As vozes de Hermes e Dudalina surgiram, despachando ordens, mas não parecendo fazer efeito algum para dispersar a confusão.

No meio da balbúrdia, Anabela ouviu com clareza algumas pessoas pedindo sua cabeça. Estava sendo mesmo uma noite surreal, porque Hermes foi o primeiro a mandar que tirassem aquela ideia da cabeça. O patife pelo menos entendia que no momento ela valia mais estando viva.

— Não é possível que eles acreditem mesmo que estamos aqui por causa de uma maldição.

Delfim já estava de pé, colocando armas no cinto.

— Você subestima o poder de uma lenda numa parte do mundo onde ciência é um luxo.

— Mas vocês têm Dudalina!

— E Dudalina não tem recursos. O Balaena é antigo, e temos aqui gente de todas as partes, cada um com a própria história e crença, se juntando num lugar esquecido do mundo. — Ele bufou, brigando com o braço que não entrava na tipóia. — E bom… eles estavam certos, né? A gente veio até aqui, e agora não podemos mais sair.

— Mas não foram os espíritos mortos.

— E isso importa?

Lá fora, algo pesado se chocou contra a porta. Ladrão rosnou, eriçando os pelos. Alguém gritou que deviam atirar a Argo no mar. Anabela agarrou a faca, ainda presa no corpo da estrela-do-mar.

— Delfim… isso é um motim?

— Soa como um. — Ele grunhiu e jogou o pano na mesa. — Me ajuda com essa coisa?

Ela não perdeu tempo, os barulhos do outro lado cada vez mais perturbadores. Não dava pra adivinhar se Hermes e Dudalina estavam sucesso ou não, embora os rosnados de Ladrão fossem uma boa pista. Apertou o nó da tipóia para que o braço não ficasse balançando, sentindo o estômago revirar ao perceber como ele estava tenso.

Segurou-o antes de se afastar. O olhar de Delfim focou no ponto onde a mão dela o tocava, a testa franzida.

— O que mais eu posso fazer pra ajudar?

— Termina essa poção pra eu poder usar meu braço de novo. — Ele foi até a porta, tentando puxar Ladrão para trás.

— Ladrão, aqui.

O cachorro a obedeceu, mesmo que ainda rosnando. Um tiro foi disparado do lado de fora. Delfim suspirou.

— Eu vou manter as coisas sob controle. Tudo isso é medo de sede, se pessoas pudessem beber água do mar, essa história toda não ia render muito.

Coisas estalaram. Uma madeira do lado de fora, e algo dentro de Anabela também.

— O que foi que você disse?

Delfim parou com a mão na maçaneta, se virando para ele com a sobrancelha erguida.

— Controle? Sede? Beber água do mar?

— É isso!

Continua…

Nas próximas news...

Como comentei brevemente nas redes sociais esses dias, estou repensando o formato da parte temática da newsletter. Tenho vários motivos, relacionados tanto ao trabalho do laboratório esse semestre quanto as próprias empreitadas na escrita. Não vou deixar de falar de oceanografia aqui, mas sinto que preciso melhorar a qualidade dos textos e que não consigo fazer isso num ritmo quinzenal. Quando eu chegar a uma conclusão, eu aviso, mas podem aguardar que vai continuar chegando oceanografia nos emails de vocês.

Enquanto isso, Areia e Pólvora segue firme e forte, no mesmo esquema. Um motim em plena calmaria é coisa séria, e Ladrão tem muito trabalho pela frente!

Boa sexta-feira e bom final de semana para todo mundo!